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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Que dias são estes?

Mal acostumado ou nada acostumado, meio peixe fora d’água. A verdade é que tudo mudou tanto em tão pouco tempo que, confesso, não consigo me acostumar às coisas de hoje em dia. Por exemplo: quando menino, toda a programação da TV era ao vivo e os melhores artistas e atrações lá estavam e era muito bom. Eu pensava: quando houver mais desenvolvimento tecnológico a TV vai melhorar. Era um raciocínio lógico, mas isso não aconteceu. Enquanto ocorria um rápido e evolutivo processo tecnológico, a TV foi ficando cada vez pior em sua programação, nivelando por baixo e desrespeitando o telespectador. O resultado é este que aí está posto: medíocre e de baixo nível. E isso serve para tudo o mais.

Quanto mais progresso e desenvolvimento, mais perda de qualidade. Isso decepciona não apenas pelo decréscimo qualitativo das “coisas”. Decepciona muito mais ao constatar e ver que apesar de toda a capacidade fantástica de criar e empreender do ser humano, que usando sua inteligência, talento e competência em 100%, aprimorando a cada momento, evoluindo sempre, principalmente no aspecto industrial, científico e tecnológico, isso é jogado por terra por falta de observação total ao essencial: a Vida.

É duro aceitar e se acostumar com a idéia de que a ganância, a ambição desvairada e desenfreada, a avareza e o egoísmo se sobrepuseram ao compartilhamento, ao respeito mútuo, à união e ao amor entre as pessoas. A fraternidade foi trocada pelo status, a amizade pelo interesse e a fidelidade pelo dinheiro fácil e sujo. Hoje é melhor ser canalha rico que ter caráter e ser pobre. Ética e respeito são palavras riscadas dos dicionários. Elas deram lugar à corrupção, impunidade, negociata, imoralidade, corporativismo e outras. A liberdade e a independência foram trocadas pela liberalidade e o comprometimento. Hoje, ser devasso, mau caráter e safado é “IN” e isso é considerado sinal dos tempos.

No Brasil ficou evidente nestes últimos 40 ou 50 anos, que os setores, todos, sem exceção, estão empobrecidos. Os governos são corruptos, corruptores e corrompidos; a classe empresarial de alto nível, principalmente, não tem nenhum valor moral em alterar peso, conteúdo, embalagens, ludibriando o consumidor, o usuário e o cliente e desta forma justificar preços e valores, vide recentemente os bancos e a indústria de transformação em geral.

Nos três poderes reinam plena e soberbamente a corrupção e a imoralidade, a impunidade e o corporativismo. Roubar ou enxovalhar o povo virou rotina, já que acontecem cotidianamente, fraudes, desvios, desfalques e a má utilização do dinheiro público é algo habitual, rotineiro e comum.

O crime organizado e o desorganizado assumiram o papel de estado e banalizaram a Vida em todos os sentidos e isso atingiu a todos, desde o cidadão mais simples que tem visto suas famílias serem dilaceradas e degradadas pela droga ou pelo desequilíbrio emocional totalmente desprotegido e abandonado ao sabor do acaso e do destino. Até a classe média e o rico que negociou seu status social e financeiro em troca da perda da família e dos reais valores da Vida.

Como se acostumar com isso? Impossível. Como olhar e não enxergar as pessoas, gente de verdade e a antiga e segura procedência, qualidade e seriedade? É duro ver as “pessoas”, todos nós, nesta corrida desenfreada e super louca atrás da máquina, como se diz hoje em dia. Infelizmente a maioria por nada. É triste, dolorido e lamentável. Por tudo isso, não raras as vezes, sinto-me fora do ar, em um mundo estranho e desconhecido.

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