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domingo, 4 de setembro de 2011


Por que as coisas perdem o encanto?
Ricardo Martins

Por que será? Observe um lindo jardim recém construído e montado, as pessoas passam por ele a admirá-lo, lindo, colorido, equilibrado, variado, intenso, mágico e os jardineiros à sua volta cuidando dos detalhes de sua manutenção, preservação  do seu desgaste natural, nada lhes escapa, tudo é preciso, ajustado, em detalhes, sempre com prazer, alegria, entusiasmo, abnegação, enfim é a preservação da beleza, da emoção, do prazer e principalmente do amor pela Vida!

Com o tempo os jardineiros vão se envolvendo com outras coisas, o tempo fica menor e mais apertado, eles passam por ali de vez em quando, jogam uma aguinha e pensam: deixe que a Natureza cuide, a água da chuva e o Sol!

E o Tempo, na real é implacável, as pessoas deixam naturalmente de cuidar de suas coisas e do seu lindo e viçoso jardim, as flores murcham, morrem, viram NADA!

Uma pena tanta emoção, beleza e envolvimento jogados fora em meses, às vezes de uma só vez!

Aquele cuidar espontâneo e motivador torna-se obrigação, as observações mais duras, as cobranças também, pressão de todos os lados, interferências externas, provocadas por terceiros de todo o tipo e peso de representatividade, enfim isso acaba com a magia do amor e do prazer supremo e assim como aquele lindo jardim as coisas tendem a acabar de forma lamentável, tempo perdido, vidas magoadas e tristes e ninguém, na real, dá atenção a isso, poucos tendem a tentar ajustar isso, a consertar e a corrigir o rumo da situação. E como tudo na Vida uma bela história de amor, parceria e cumplicidade podem vir a se esvair pelas mãos.

Culpados: A vida? A rotina implacável? As situações cotidianas? Certamente que não! As pessoas? Certamente que sim! Somos nós que deixamos o jardim murchar definitivamente e de forma irrecuperável, tão lindo e viçoso que era, parecia de um conto de fadas e no entanto voltou a ser apenas barro, terra. E assim ocorre com os namoros incríveis, as relações, as aproximações fantásticas, mesmo com bom tempo de convivência pré cotidiano, em comum, maravilhosas. Passou a dividir o mesmo teto, isso basta para o encanto ir se quebrando. Muito triste isso!

Óbvio que as rotinas diversas, as pressões de todo o tipo, a busca incessante pelo TER e não pelo SER, acabam contribuindo para isso, entretanto as pessoas são as maiores responsáveis. Na realidade, deixam de regar suas plantas e flores com delicadeza e cuidados todos os dias, a distancia vai aumentando perigosamente e as vezes o afastamento definitivo é inevitável, assim como o jardim que se acaba em nada.

Ao longo da Vida percebi que as pessoas perdem muito tempo impondo regras exageradas de convivência em comum,  interferem nas individualidades e na privacidade pessoal do seu parceiro, como se isso lhe fosse dado como direito. A Vida em comum não recomenda nem determina isso, o respeito é fundamental entre as pessoas, principalmente as que têm algo em comum e precioso: suas Vidas!

Melhorar a si próprio e ao outro é importante e muitas vezes necessário, contudo sem exageros. Cuidar bem, ser atencioso e interessado no bem estar do outro, não quer dizer possessão.  Este cuidado a meu ver, aliado a um diálogo aberto e constante, é de fundamental importância para a convivência feliz e a preservação do lindo jardim em comum. Isto aliado ao amor de verdade,  a demonstração freqüente de carinho, atenção, compreensão, paciência, paixão, entusiasmo, liberdade, confiança, partilhamento e compartilhamento, enfim e amor, muito amor mantém a magia e a chama permanentemente acesa entre as pessoas que se amam, e isto serve também, sob meu ponto de vista, para a convivência em geral e outros ambientes de convívio e inter relacionamento.

Como cuidar da vida em geral, das flores, da comunidade, do Mundo e do Universo, se não cuidamos do que nos é mais valioso, nossas Vidas?
Em minha trajetória de erros e acertos, enganos e alegrias, satisfações e decepções, tento pelo menos manter intensa esta chama. Sou difícil, exigente, formal e informal, mas sincero sempre, procuro ser leal,  agir corretamente, antes de tudo comigo e, sobretudo com minha parceira amada. Reflito muito em mim, auto reflexão é fundamental para a minha proposta de vida. Criticar o outro é fácil!

É importante demais passar a observar e jamais perder de vista, ao longo de um fluxo vital, “os sinais do destino e do Universo”, perceber, sentir, antecipar, estar próximo, isso é vital para a convivência. Evidente que por sermos humanos erramos, deixamos de observar e muito, e isso tende a complicar um pouco mais, com certeza  a vivencia e a maturidade ajudam um pouco neste processo.

Para manter a magia, os mistérios, a convivência feliz e saudável, imagino ser necessário observar e cuidar muito do outro, com certeza, sem contudo tentar anulá-lo, sem a proposta de posse. Claro que possuí-lo sim, porém com muito amor e carinho e nos momentos de entrega à paixão e ao seu fogo que incendeia  íntimos e almas, que pode ser eterno se soubermos alimentá-lo com atenção, habilidade e carinho, quando vale a pena e quase sempre vale, certamente manterá todo o encantamento da convivência tornando-a mais forte para o dia a dia e suas rotinas desgastantes. Vamos em frente cuidando bem de nossos jardins lindos e floridos!