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domingo, 10 de julho de 2011

Toc... Toc...! Onde estão todos?
Ricardo Martins

Sou carioca, nascido na cidade do Rio de Janeiro, ex-Estado da Guanabara, por sua vez, ex-Distrito Federal, cidade que foi capital do Brasil por muitos anos. Sou nascido na Zona Norte, no subúrbio, longe das praias, mas dentro de um enorme coração, região de gente boa, de caráter, afetiva, gente da melhor qualidade como é comum dizer por lá. Antes de tudo, gente, pessoas!

Minha geração viveu os chamados anos dourados, as décadas de 60 e 70, grandes mudanças no Planeta, no Mundo e no Brasil. Época da Bossa Nova, Jovem Guarda, Tropicália, Beatles, Roberto e Erasmo, Caetano, Gil, Betânia, Gal e Tom Zé. Dos violões e das guitarras eletrônicas. Da ditadura militar, nojenta, cruel, imposta por mãos rancorosas, frustradas, preconceituosas e vingativas, mesmo assim, tempos de criatividade ímpar e sensibilidade humana.

Meu Rio de Janeiro, lindo por natureza, cantado e pintado em prosa, traçados e versos, por inúmeros gênios da música, do traço e da poesia, era maravilhoso, de verdade. Os morros lindos e limpos das drogas, povoado por pessoas simples, humildes, em sua grande maioria, decente e trabalhadora, uma cidade do bem, feliz, onde se vivia a Vida sem grandes responsabilidades, pelo prazer de viver.

Nós, os meninos da Zona Norte, não tivemos as oportunidades dos da Zona Sul que com o tempo se transformaram em funcionários das grandes emissoras de TV e Rádio, das empresas de publicidade e outras oportunidades que partiam de lá. A informação era lenta e por conta disso sua irradiação também, porém, vivemos nas ruas, jogando bola, soltando pipa, brincando de pique bandeira, bola de gude e finca, jogo que acontecia no meio dos terrenos vazios e após as chuvas. 

Tínhamos entre outras coisas o Maracanã, de partidas memoráveis e onde desfilavam jogadores de futebol de raro talento, grandes times e equipes fantásticas.  Tínhamos o Bonde, os bailes nos clubes do bairro, as festinhas nas casas das gatinhas, enfim, éramos felizes e não sabíamos, mas acima de tudo existiam as pessoas, as amizades e os bons e eternos vizinhos, amigos de todas as horas, desinteressados, “os tios e as tias”, por afinidade.

Sabe, eram outros tempos, onde reinava a gratidão, o compartilhamento, a troca verdadeira, o respeito aos sentimentos, as relações saudáveis e desinteressadas, era o “Ser” antes do “Ter”, o mais importante era estar junto dos amigos e conviver em Paz.

Ninguém julgava ninguém, todos estavam juntos por e para qualquer coisa e ponto final.
Os tempos mudaram, veio com o progresso e o desenvolvimento, o acesso, o conforto e com eles o mau caráter, o dissimulado, o interesseiro, o pretensioso, enfim, as pessoas apodreceram, literalmente, perderam qualidade, viço e luz como dizia minha Vó Minerva. As pessoas se tornaram nada, vazias, zumbis, sombras. Uma pena! 

O resultado? Isso que aí está já há 30/40 anos pelo menos, um mundo e um país onde as pessoas, as poucas do bem, ainda sofrem como refém de uma sociedade suja, corrupta, imoral, indecente, amoral, vendida, em todos os níveis das atividades públicas e privadas, lamentavelmente!

Não se trata de saudosismo, é a pura realidade, onde estão todos?? Onde anda a minha gente? As pessoas de verdade? Os amigos de sempre? A Vida enfim, na real! Que Mundo, que país é esse que estamos vivendo e deixando literalmente para filhos e netos?