
Éramos felizes com certeza e não sabíamos!
Ricardo Martins
Era bom e a gente não sabia! É verdade! Há pelo menos quatro
décadas atrás, um pouco mais certamente, éramos felizes e não sentíamos, não
sabíamos!
Era menino no subúrbio, zona norte do meu querido Rio de
Janeiro, filho de uma família de classe média, onde todos tinham que trabalhar
e muito para vivermos com certa dignidade, enfim, mas tínhamos de tudo.
Educação rígida e exigente em casa, colégio de boa
qualidade, inclusive as escolas públicas, professores dedicados e que “puxavam”
pelos alunos, exigindo dedicação e interesse de todos, nas escolas todos tinham
que observar códigos de disciplina e conduta e isso era muito bom, com certeza
na época achávamos chato, mas hoje sabemos o quanto foi importante para nossa
formação de caráter e personalidade.
Boa alimentação, de qualidade e ótima procedencia, embalagens
de acordo com a legislação, empresas íntegras, decentes, responsáveis, que
realmente se interessavam pelo prazer, satisfação e saúde do consumidor e
cliente.
Brincávamos nas ruas com liberdade, correndo, jogando bola,
andando de bicicleta, colhendo frutas nos quintais dos vizinhos, subindo aos
morros em redor sem nenhum perigo para brincar com os colegas e amigos, enfim...
uma infancia e adolescencia feliz e saudável.
Podíamos frequentar o Maracanã e demais campos de futebol
com segurança e torcer sem maiores pressões, haviam as provocações, contudo
sadias e sem maiores atos de violencia, brigas e confusão. Íamos aos bailes nos
clubes, plena era do Beatles, guitarras, Jovem Guarda e ye ...ye ..ye, as
festinhas nas casa das meninas no sábado a noite, cabelos compridos, calças boca de sino, cuba
libre, eletrola e os sucessos da época, dançar agarradinhos e beijar a “gatinha
manhosa”. Doces e deliciosos momentos, realmente erámos felizes e nada percebíamos.
As pessoas eram gentis, cordiais e afetivas, havia amizade
entre as famílias vizinhas, as mães eram amigas de verdade e até confidentes
entre si, andávamos de BONDE e de lotação, íamos à praia, ao cinema e passear
na pracinha, namorar as lindas gatinhas, amassos no portão, com certeza, éramos mesmo felizes e não sabíamos.
O mundo era mundo e
de tudo acontecia, a revolução cultural, industrial e consequentemente o
desenvolvimento, o modernismo, a política, o poder, status e dinheiro, a
comunicação, a Televisão, (esta destroçou as famílias com certeza) e o
progresso, o sucesso, a busca pela
vaidade, o marketing, a informação em tempo real, a informática, a internet,
guerras, revoluções, racismo, desentendimentos religiosos, a banalidade, o
crime por nada, a disseminação das drogas, o traficante, o contrabandista, a
corrupção, as quadrilhas políticas, as greves, os sindicatos, os movimentos
sociais, na verdade antro de marginais e pessoas com interesses escusos, a
falta de responsabilidade e interesse no serviço e gestão pública, o marginal, o
menor infrator frio e contumaz, a impunidade, a perda de qualidade nos alimentos
e em geral, enfim, o “mundo moderno e progressista” e outras mudanças que na real
trouxeram a dor, a infelicidade, o vazio à muitas famílias por todo o mundo por
perderem entes queridos nas mais absurdas e cruéis situações.
E por fim a perda de
qualidade das pessoas, da gente, da raça humana, que cada vez mais se depreciou,
deteriorou, degradou e tornou-se predadora, destruidora universal por todos os angulos
a se analisar e avaliar.
Tudo mudou a partir daí e a perda de qualidade, a
irresponsabilidade e atitudes criminosas transformaram pessoas em monstros
cruéis e bárbaros, que se vendem por nada, negociam vidas da forma mais vil e
banal, sem escrúpulos e valores morais. Isso serve para tudo e todos os setores
em atividades na chamada sociedade.
Temos nos últimos 40/50 anos empresários sem escrúpulos, políticos
mau caráter, agentes públicos em geral e em todos os níveis, verdadeiros
marginais, bandidos e criminosos contumazes e impunes, irresponsabilidade e
desinteresse, além de um antro de corrupção e crimes contra o cidadão, dentro
dos 03 poderes da república, enfim tudo na real involuiu, trouxe à tona a
verdadeira face do ser humano. Que preço não??
Progresso? Modernidade? Evolução? Aonde?? Nós realmente éramos
felizes e não sabíamos!