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quarta-feira, 20 de outubro de 2010



Outros tempos, outra educação?
Ricardo Martins

Surpreendo-me a pensar nos meus tempos de menino e na educação recebida, lá no meu Rio de Janeiro, cidade reconhecida nacional e internacionalmente por seu glamour e forma pouco responsável de viver de seus cidadãos, que segundo seus irmãos brasileiros, eram pouco afetos ao trabalho e uns verdadeiros “boas vidas”.

Ledo engano! Porém isso é outra história e para outra oportunidade.

O que me faz retornar àqueles tempos e refletir é a educação familiar e escolar que recebíamos, vou mais longe,  à conseqüência dos bons e maus exemplos. Certamente havia mais disciplina em casa e na escola, nos envolvíamos com outros valores e a influencia de pessoas e personalidades eram muito mais contundentes,  expressivas e representativas que hoje ou que nos últimos tempos, e estou falando de 30/40 anos atrás, nada de diferenças seculares, apesar de estarmos fechando a primeira década do século 21.

Hoje qualquer um que obtém fama por minutos é considerado “celebridade’, neste artigo me refiro a personalidades mesmo, figuras que transcenderam em competência, ousadia, empreendedorismo, inventividade, pesquisas, estudos, atitude, postura, dignidade, sabedoria e sucesso, que é bem diferente de “fama”.
Minha geração recebeu todas as influencias de seres humanos consistentes, éticos, honestos, dignos, corajosos, sábios, mestres em suas atividades, tratava-se de empresários, filósofos, dramaturgos, pintores, músicos, enfim, gente de qualidade, robustez de caráter e formação educacional, profissional e artística, por exemplo, da melhor qualidade.

Estas gerações, além destas citadas influencias tinham como referencia outros exemplos positivos que nos incentivaram a ousar, desafiar, enfrentar e principalmente realizar, empreender ou construir.

Estes eram os bons exemplos externos, ai neste “rol” também se incluía pessoas simples, como um ótimo professor, um equilibrado disciplinador, orientadores pedagógicos, treinadores esportivos,  gente do povo, porém, que também se destacavam em suas atividades contribuindo para um desenvolvimento sadio da juventude. E olha que minha geração viveu intensamente sua infância e adolescência, contribuindo com sua “revolta” a mesmice com toda uma transformação universal, quer seja no aspecto cultural, das artes e posicionamento pessoal e profissional. Foram os famosos anos dourados, os anos 60 e 70.

Além disso, havia a educação familiar e escolar, ambas responsáveis pela formação do caráter e da personalidade das crianças, principalmente no reflexo da postura e atitude dos pais e dos professores e educadores, muitas vezes consideradas repressoras, mas que contribuíram e muito com o resultado da educação obtida, considerada até os dias de hoje das melhores. Basta para isso observar as pessoas que tem hoje entre 40 e 70 anos, são éticas, valorizam o respeito e o compartilhamento, educadas e com valores morais bem definidos e normalmente se caracterizam pela sua luta em preservar ou encontrar esta postura nas gerações mais novas, que infelizmente sofreram outras e desastrosas influencias.

Na minha época os bons exemplos eram muito mais consistentes, ser um juiz, um policial ou um médico ou advogado e até mesmo um político, por exemplo, era uma aspiração venerável. No mínimo as crianças e jovens gostariam de ser como seu pai,  sua mãe ou até como seus professores. Havia pobreza, mas havia também dignidade, educação e respeito.

Com o passar dos anos, novas técnicas e posturas foram adotadas em casa e nas escolas, na vida pessoal e profissional. Mudanças sociais e culturais propuseram uma “nova educação” (?), mais natural, espontânea e liberal. O fato das mulheres/mães buscarem sua realização profissional fora de casa, o divórcio, a proliferação das drogas e do tráfico, a televisão e suas propostas libertinas e exageradas, nivelando tudo por baixo, a busca incessante pelo dinheiro e poder, a corrupção desenfreada e a IMPUNIDADE repercutiram de forma negativa na “nova família e nova escola” e via de conseqüência no “novo jovem e adolescente” tornando-o uma pessoa, via de regra, egoísta, individualista, interesseira, irresponsável e insensível.

Desta forma foram surgindo os maus exemplos, que considero mais perniciosos que tudo, pois eles destroem sonhos e o caráter das pessoas.

Esta reflexão que me ocorre de quando em vez me diz que é necessário rever tudo: conceitos, orientações, atitudes e posturas, acrescentar um pouco mais de disciplina, rigor, humanização, civilidade, patriotismo, esclarecimento, informação e conhecimento, de forma clara e objetiva desde os bem jovens até os adolescentes de forma que isso possa novamente propor uma readequação na educação familiar e escolar.

Combater a impunidade, resgatar a ética e o brio do cidadão brasileiro são de fundamental importância para as soluções dos problemas do país e o resgate dos bons exemplos, conseqüentemente da melhor educação.