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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012


Pior? Impossível!
Ricardo Martins

Como um país pode desejar efetivamente evoluir, ser soberano e independente se não cultua e incentiva a boa educação? De que forma isso pode acontecer se os “eventos culturais” são de nível questionável, notadamente no que diz respeito aos “personagens, personalidades e celebridades” envolvidas, derivando, quase sempre, para algo de péssima qualidade?

Resguardando o aspecto tecnológico normalmente bem cuidado e com razoável substancia nas variadas produções o que se vê ou é imposto ao público são espetáculos com proposta de baixo nível, principalmente na TV.

Portanto, no caso do Brasil não são apenas os retratos da cena política irresponsável e inconseqüente, a impunidade cotidiana e acintosa, a falta de escrúpulos e interesse com a coisa pública por conta de governantes, gestores e administradores que fazem deste momento que vivemos um dos mais danosos e prejudiciais à população.

E isso tem reflexos no cotidiano do cidadão e seus familiares, que sofrem destes males via reflexos negativos por conta da falta de cuidados com a educação e a carência de seletividade em quase todos os terrenos, segmentos, canais e áreas do setor cultural.

No caso da educação, basta visitar escolas públicas, municipais, estaduais e federais deste país e constatar que o caos persiste. Observe: Os números de estabelecimentos de ensino são insuficientes, grande parte destes está sem condições decentes de freqüência e uso por alunos, professores e demais colaboradores. Os salários são baixíssimos, se comparados a media do servidor público, aqueles com “cargo de confiança” ou mesmo aqueles que legislam em causa própria, propondo seus próprios reajustes e chegam a receber salários mensais, por exemplo, que um professor não ganha em 05 anos de trabalho. Existem ainda situações que nem trabalhando a vida toda, um professor conseguiria ganhar o que recebe por mês magistrados e deputados federais, aqueles dos R$ 600 mil/mês.

Já no aspecto cultural o quadro, a meu ver, é muito mais grave, pois o que é vendido, o que é imposto às pessoas em geral é a total falta de qualidade na programação, nas performances, desempenhos, apresentações artísticas diversas, onde o nível é baixíssimo.

Duvida? Observe quem tem gravado CDs nos últimos 20 anos e quem está fora da chamada mídia, estes últimos vivendo de shows e de seus sucessos antigos. Gravar? Nem pensar! Quem grava? Pastores evangélicos e padres católicos (?) e “artistas” sem nenhum recurso vocal ou musical, amparados pela tecnologia e recursos técnicos elaborados em estúdio de gravação, de preferência utilizando letras cheias de segundas intenções, duplo sentido, pouca roupa ou apelos sensuais e sexuais ou temas de cunho religioso, em muitos casos utilizando o nome de Jesus de forma pouco recomendável.

Via de regra são artistas individuais ou grupos e bandas monofásicos, sem polaridade nenhuma, nos vários ritmos, inclusive algumas invenções que nada acrescentam à música popular. Nestes casos produzidos de modo instantâneo e meteórico. Não vou citar exemplos por conta da ética, mas a chamada MPB nunca esteve em níveis tão ruins como nos últimos 20 anos.

Se derivarmos agora para a TV aberta brasileira a coisa é tão desagradável ou pior que no setor musical, a programação exibida é ruim, repetitiva, sem nenhuma criatividade, com apelos pobres e “bem chão”, uma verdadeira epidemia de podridão intelectual.

Na real pouca coisa em meu ponto de vista é aproveitável, muito pouco mesmo! Isso ocorre desde telejornais, com repórteres despreparados, passando pelos programas de variedades, novelas, musicais e outros. Pautas mal planejadas, tudo na correria, isso se reflete inclusive dentro do set de gravação ou nas apresentações ao vivo, são entrevistas repetidas ou sem nenhum fundamento, quadros literalmente iguais em todos os programas, notadamente aos domingos, onde certos apresentadores metidos a fazer gracinhas acabam interrompendo os convidados em atos de extrema falta de cuidado e educação. Saias e decotes cada vez mais evidentes e apelativos. Gostaria de deixar claro que nada contra a beleza da mulher, pelo contrário, é uma questão de valorização.

O desrespeito com o telespectador é evidente: sessões de cinema tipo “Você vai ver de novo” filmes repetidos por mais de 40 vezes, horários mal explorados, programações feitas de qualquer jeito sem nenhum planejamento, tipo de público, filmes que chegam a ser exibidos inúmeras vezes, inclusive no mesmo ano. Triste!

As novelas salvo raríssimas exceções são vulgares, ressaltam temas apelativos e personagens quase sempre exagerados, que deveriam tratar da diversidade e tratam mesmo é da opção sexual, normalmente de quem escreve, enfim culturalmente nada acrescentam a ninguém. Hora de rever isso, a situação além de lamentável é grave.

O teatro e os espetáculos fechados, shows de variedades entre outros já apresentam algo de melhor qualidade, são inúmeras peças e textos categorizados, expressivos, com elencos ou performances individuais que se destacam sobremaneira, porém este segmento também está infestado de “celebridades e atores de minuto”, que se aproveitam de uma exposição rápida na TV e vem para o palco enganar o público e a si próprios, pois se consideram atores de 1ª linha. E a propósito deve-se destacar os altos preços cobrados na maioria destes espetáculos.

Dentre tudo isso o que existe de pior é a passividade do público, do telespectador, que permite esta exposição ao medíocre, ao baixo nível sem se manifestar veementemente contra este estado de coisas, permitindo que seus filhos, das idades mais variadas estejam  expostos a situações e fatos constrangedores e nada educativos diante de um aparelho de TV.

Tenho a mais absoluta certeza que com a passar dos anos este fato tenha sido um dos responsáveis pela educação inadequada e incorreta das crianças brasileiras em geral nas diversas classes sociais, pois não são poucos os pais que se esquecem dos seus filhos diante da televisão que, por sua vez pouco, muito pouco mesmo, vem contribuindo com a boa educação e formação cultural adequada da família brasileira.

A “coisa” chegou a um nível tão pernicioso que é hora de enfrentamento e repudio por parte de todos aqueles que falam e labutam com educação e cultura além do cidadão consciente de seus deveres e compromissos com os seus e para com seus iguais e semelhantes, pois pior que está é impossível!