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domingo, 8 de julho de 2012


Escrever? Sobre o que?
Ricardo Martins

Sabe, tem momentos que olho pra folha de papel, limpinha, vazia, e me pergunto: sobre o que escrever? Não que perdi ou deixei de admirar as cores da Vida, não, em hipótese alguma! Jamais! Nem que não acredite mais na força do Homem de bem, de caráter e com dignidade, coisa rara isso, mas ainda presente, pessoas especiais, sim, seguramente que muitas ainda estão por aí! É uma minoria, mas existem, com certeza!

Na real, a dificuldade de escrever que sinto vem de algumas, na verdade, de muitas e inúmeras decepções com as pessoas em geral, que insistem cada vez mais em ser pior em egoísmo, individualismo, pretensão, soberba e orgulho exacerbado. Enfim as pessoas deveriam melhorar, procurar o outro e compartilhar com sinceridade e afeto, mas, ao invés disso, preferem “involuir”, isso é triste e lamentável. 

Venho de uma terra, de um lugar, de uma linda cidade onde o tom marcante sempre foi o afeto ao outro, o admirar a Vida, no meu querido Rio de Janeiro, todos buscam o próximo a fim de estar junto, trocando afagos, carinhos e atenções, enfim... acho que deve ser outro Planeta.

Além disso, o não conseguir escrever tem a ver também com a prática e a classe política que impera no Brasil, assim como a péssima gestão da atividade pública em geral, e isso engloba o executivo e judiciário, onde reinam absolutas a corrupção, o desinteresse público, o despreparo, a desonestidade profissional e a falta de caráter e dignidade. Onde a grande e esmagadora maioria dos envolvidos pensam apenas em si, em roubar o bolso do cidadão e o erário publico, enriquecendo ilicitamente e de forma desavergonhada e isso vai do presidente da república ao mais simples funcionário público no menor município da Brasil. Indecente, imoral e deprimente, contudo real.

Tudo isso, irrita, incomoda, aborrece e o mais grave a meu ver, entristece, desgosta, enfim decepciona e seguramente se reflete no escrever, mais que isso, no sentir, e isso de certa forma bloqueia, limita, inibe a quem escreve.

Evidente que sabemos pouco, muito pouco mesmo do que transcende daqui, deste “plano”, na real a VIDA é um grande mistério, sem querer me aprofundar em observações, convicções, afirmativas, conceitos, enfim, por que então não fazer desta um “doce” mistério, uma passagem agradável, oportuna e feliz?

Nós que tudo recebemos, de forma gratuita, tudo lindo, belo, singular, natural, perfeito e pronto, não sabemos valorizar isso, tendemos a complicar as coisas mais simples, a deteriorar relações, convivências e atividades, tornando a Vida que é bela e ímpar em algo infeliz, feio, violento e banal. Como pessoas não valorizamos o que recebemos, como cidadãos não exercemos nossa responsabilidade de forma apropriada e como “gente”, como seres humanos. Muitas vezes impregnamos nossos corações com coisas indignas, desagradáveis, desonestas, com atitudes e posturas desequilibradas, desconexas e fora do contexto identificado à convivência social e íntima e pessoal. 

Aquilo do “TER” mais que do que “SER”, algo mais ou menos assim. Uma pena!

Evidentemente somos produtos do meio, influenciáveis sim, entretanto, com o tempo, com a vivência e a maturidade as coisas deveriam ficar mais claras e objetivas, mas na maioria das ocasiões a contaminação e tão grande que mudar é impossível e isso normalmente leva ao desembocar de tragédias ou algo semelhante. Tudo isso influencia o não escrever, o olhar para a folha de papel limpa e perguntar: O que ou sobre o que escrever?

Hora de refletir e muito, pensar e repensar, rever, revisar e ajustar, aproveitar a Vida de forma positiva, sem maiores complicações para si e para o próximo, levantar a bandeira do “SER” gente e cidadão! E desta forma certamente as palavras, emoções, sentir e perceber se evidenciarão  e os sentimentos serão outros a serem registrados na história e em nossas trajetórias por toda esta maravilhosa Vida!