Contador de Visitas

Seguidores

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Rio de Janeiro - A reação do Estado
Ricardo Martins

Desde pelos menos o início da década de 80, a cidade do Rio de Janeiro vê a evolução da criminalidade “organizada” acontecer em todas as regiões da Cidade Maravilhosa, cercada por morros e, portanto, privilegiada topograficamente para a prática do ilícito, principalmente o tráfico de drogas. Certamente isso privilegiou a logística do crime organizado, a proliferação do uso de drogas e a expansão do tráfico.

Isso ocorreu por conta do desenvolvimento e crescimento desenfreado do Jogo do Bicho nas décadas anteriores, que sempre teve na Cidade seu melhor e mais amplo desempenho e seu melhor mercado de atuação e consumo. Com a migração de alguns caciques do jogo, que tencionavam diversificar seus negócios para o contrabando, ficou fácil chegar ao tráfico de drogas e um passo adiante ao contrabando de armas. Isso, evidente sob os olhos condescendentes do Estado, do poder constituído, que na real já começava a se beneficiar destas práticas criminosas, defendendo seus interesses e levando o seu.

Tudo isso bem organizado e orientado por cabeças especializadas, além de protegidos devidamente por quem deveria na real combatê-los, acabou por propiciar o estabelecimento favorável destes contraventores nos morros cariocas, local de difícil acesso da polícia, porém não de usuários e consumidores de drogas de todos os níveis sociais.

O próximo passo? Arregimentar soldados nas próprias comunidades de forma a dominá-las em nome de fictícia proteção. Estava estabelecido então o Estado Criminoso ou Marginal na maravilhosa cidade do Rio de Janeiro.

Na seqüência, era a hora do treinamento pessoal, estratégico, e a prática com a arma de fogo, por parte destes exércitos organizados hierarquicamente como as forças armadas oficiais.
Com a evolução e o sucesso das operações surgem os grandes traficantes que se associam a outros, principalmente no exterior, e novas alianças são criadas e estabelecidas consolidando este poder que se confronta com o Estado muito mais preparado em todos os sentidos.

No atual governo é tomada a decisão de combater à exaustão e ao custo que for este estado marginal, e as conseqüências dolorosas são estas conhecidas nos últimos anos e notadamente nos últimos dias. Estas ações, diga-se de passagem, contam com o apoio da população em geral e das comunidades dominadas pelos bandidos, que mesmo sabendo do alto preço a pagar, concordam com a reação, tardia, porém oportuna e determinante do Estado.
A solução sempre foi urbanizar, socializar e humanizar as chamadas favelas, os morros e os guetos cariocas, mas para isso acontecer, como deixaram para agir tardiamente, estas ações deveriam passar antes pela chamada pacificação das comunidades, expulsando dali o mal para depois se instalar definitivamente o bem!

A meu ver, as ações são positivas! Extremas, porém necessárias. Considero, porém, indispensável paralelamente a este combate, estabelecer uma guerra sem tréguas à corrupção e à impunidade, deter imediatamente os que efetivamente são os responsáveis, os mandantes e mentores destas quadrilhas e destas organizações criminosas e que estão instalados, todos, em luxuosos escritórios e gabinetes pagos pelo imposto cobrado ao cidadão.

Desta forma pode haver êxito e sucesso na pretensão de erradicar o crime dos morros cariocas e se assim se repetir em outros estados, acabar com o crime organizado para sempre no Brasil.