Contador de Visitas

Seguidores

terça-feira, 29 de junho de 2010

O SER POLÌTICO E SER POLÍTICO!

Ricardo Martins

Há muitos anos um mestre e bom amigo disse-me: “Talvez por ser jovem, você é sincero e objetivo demais, procure ser mais hábil, mais político, no trato das coisas e das pessoas! Ele não estava a me dizer: tens que fazer média com alguém, dizia apenas ”tenha jogo de cintura”, como se diz popularmente.

Demorou prá cair à ficha, como se diz hoje em dia, apenas algum tempo depois é que fui entender o que meu amigo queria dizer.

O jovem tem na sua arrogância a sinceridade, a objetividade e uma suposta independência e faz disso a base de suas atitudes e isso o leva a bater de frente com muita gente. E isso ocorre, mais freqüentemente, no ambiente de trabalho, notadamente quando alguém se auto avalia um profissional competente e experiente, apesar de jovem. Com 20 anos é comum considerarmo-nos os donos da razão. E a época dos conselhos do meu Mestre eu já atuava, como executivo, na Editora Abril, uma das maiores empresas do Brasil e do Mundo.

Como disse antes, resistindo um pouco, demorei a entender as palavras ditas em forma de orientação e conselho. Ser mais político sugeria apenas ser mais hábil, dar um jeitinho, contornar as situações, ampliar e compor melhor o discurso, porém sem se vender ou negociar. Segundo meu amigo não havia necessidade disso. Era, porém indispensável e prudente, historiar melhor as coisas, se por escrito, principalmente, explicando mais claramente e detalhadamente, o que gostaríamos de dizer, sem perder a objetividade e a sinceridade. Para ele, aquele meu amigo, era possível praticar política ou ser político sendo honesto, ético, ter caráter e personalidade e ao mesmo tempo ser hábil e bom negociador. Certamente, eram outros tempos!

A Vida seguiu em frente, sofrendo transformações profundas e o Tempo, este também seguia em alta velocidade e não podia ser diferente. Algo, porém sempre me chamou atenção a dificuldade do ser humano em lidar com o poder ou com o dinheiro. Como isso fazia e ainda agora faz mal as pessoas! Muitos a quem respeitava e admirava perderam o valor ou deixaram de representar algo para mim, por conta disso!

E com a sucessão dos anos isso foi se alastrando como uma doença contaminando a milhões de pessoas. E o ser político a quem meu mestre e amigo se referiu, em outros tempos, transformava-se, lamentavelmente e de forma nociva em um predador do bom caráter e da dignidade, em alguém que vislumbra e convive apenas e tão somente com o interesse próprio participado intensamente de acordos e negociatas. Estas são as suas prioridades, estão acima do bem comum e das coisas que são indispensáveis e necessárias as comunidades e aos cidadãos. Jamais abrem mão de seus interesses, desejos e objetivos.

Quando em campanha sobem aos palanques, visitam particularmente as pessoas e prometem publicamente trabalhar pelo povo e para o povo. E o que se vê, posteriormente, já eleitos, é exatamente o contrário, a execrável pratica da política do privilégio, do mais rico e poderoso. E ao povo nada, absolutamente nada.

Evidente que no passado já existia o político de má qualidade ou má índole, subjugado ao poder e ao dinheiro, isso ocorre desde os tempos, porém, nos últimos anos, a incidência é maior e mais significativa, passou a ser algo comum, está incluído no cotidiano, perto demais das pessoas. E isso é inaceitável! Como todo mal deve ser tratado e erradicado!

É hora de mudar! Cabe a todas as pessoas de bem e principalmente ao jovem brasileiro, esclarecido e atuante, resgatar o político digno que venha a exercitar e praticar em sua forma saudável a boa política, discutindo com inteligência e habilidade o que interessa efetivamente ao planeta, as nações, aos povos e as pessoas.

E que este cidadão, se torne alguém sério, responsável, correto, determinado e comprometido com as questões de interesse do seu eleitor e de sua gente, alguém simples e preparado, que não se deixe iludir ou se envolver pelo poder e pelo dinheiro fácil, uma pessoa comum que deseje apenas ser um político decente trabalhando e compartilhando com os seus irmãos.