Por que as coisas perdem o encanto?
(Republicação)
Ricardo
Martins
Por
que será? Observe um lindo jardim recém construído e montado, as pessoas passam
por ele a admirá-lo, lindo, colorido, equilibrado, variado, intenso, mágico e
os jardineiros à sua volta cuidando dos detalhes de sua manutenção, preservação
do seu desgaste natural, nada lhes escapa, tudo é preciso, ajustado, em
detalhes, sempre com prazer, alegria, entusiasmo, abnegação, enfim é a
preservação da beleza, da emoção, do prazer e principalmente do amor pela Vida!
Com
o tempo os jardineiros vão se envolvendo com outras coisas, o tempo fica menor
e mais apertado, eles passam por ali de vez em quando, jogam uma aguinha e
pensam: deixe que a Natureza cuide, a água da chuva e o Sol!
E
o Tempo, na real é implacável, as pessoas deixam naturalmente de cuidar de suas
coisas e do seu lindo e viçoso jardim, as flores murcham, morrem, viram NADA!
Uma
pena tanta emoção, beleza e envolvimento jogados fora em meses, às vezes de uma
só vez!
Aquele
cuidar espontâneo e motivador torna-se obrigação, as observações mais duras, as
cobranças também, pressão de todos os lados, interferências externas,
provocadas por terceiros de todo o tipo e peso de representatividade, enfim
isso acaba com a magia do amor e do prazer supremo e assim como aquele lindo
jardim as coisas tendem a acabar de forma lamentável, tempo perdido, vidas
magoadas e tristes e ninguém, na real, dá atenção a isso, poucos tendem a
tentar ajustar isso, a consertar e a corrigir o rumo da situação. E como tudo
na Vida uma bela história de amor, parceria e cumplicidade podem vir a se
esvair pelas mãos.
Culpados:
A vida? A rotina implacável? As situações cotidianas? Certamente que não! As
pessoas? Certamente que sim! Somos nós que deixamos o jardim murchar
definitivamente e de forma irrecuperável, tão lindo e viçoso que era, parecia
de um conto de fadas e, no entanto voltou a ser apenas barro, terra. E assim
ocorre com os namoros incríveis, as relações, as aproximações fantásticas,
mesmo com bom tempo de convivência pré cotidiano, em comum, maravilhosas.
Passou a dividir o mesmo teto, isso basta para o encanto ir se quebrando. Muito
triste isso!
Óbvio
que as rotinas diversas, as pressões de todo o tipo, a busca incessante pelo
TER e não pelo SER, acabam contribuindo para isso, entretanto as pessoas são as
maiores responsáveis. Na realidade, deixam de regar suas plantas e flores com
delicadeza e cuidados todos os dias, a distancia vai aumentando perigosamente e
as vezes o afastamento definitivo é inevitável, assim como o jardim que se
acaba em nada.
Ao
longo da Vida percebi que as pessoas perdem muito tempo impondo regras
exageradas de convivência em comum, interferem nas individualidades e na
privacidade pessoal do seu parceiro, como se isso lhe fosse dado como direito.
A Vida em comum não recomenda nem determina isso, o respeito é fundamental
entre as pessoas, principalmente as que têm algo em comum e precioso: suas
Vidas!
Melhorar
a si próprio e ao outro é importante e muitas vezes necessário, no entanto sem
exageros. Cuidar bem, ser atencioso e interessado no bem estar do outro, não
quer dizer possessão. Este cuidado a meu ver, aliado a um diálogo aberto
e constante, é de fundamental importância para a convivência feliz e a
preservação do lindo jardim em comum. Isto aliado ao amor de verdade, a
demonstração freqüente de carinho, atenção, compreensão, paciência, paixão,
entusiasmo, liberdade, confiança, partilhamento e compartilhamento, enfim e
amor, muito amor mantém a magia e a chama permanentemente acesa entre as
pessoas que se amam, e isto serve também, sob meu ponto de vista, para a
convivência em geral e outros ambientes de convívio e inter relacionamento.
Como
cuidar da vida em geral, das flores, da comunidade, do Mundo e do Universo, se
não cuidamos do que nos é mais valioso, nossas Vidas?
Em
minha trajetória de erros e acertos, enganos e alegrias, satisfações e
decepções, tento pelo menos manter intensa esta chama. Sou difícil, exigente,
formal e informal, mas sincero sempre, procuro ser leal, agir
corretamente, antes de tudo comigo e, sobretudo com minha parceira amada.
Reflito muito em mim, auto reflexão é fundamental para a minha proposta de
vida. Criticar o outro é fácil!
É
importante demais passar a observar e jamais perder de vista, ao longo de um
fluxo vital, “os sinais do destino e do Universo”, perceber, sentir, antecipar,
estar próximo, isso é vital para a convivência. Evidente que por sermos humanos
erramos, deixamos de observar e muito, e isso tende a complicar um pouco mais,
com certeza a vivencia e a maturidade ajudam um pouco neste processo.
Para
manter a magia, os mistérios e a convivência feliz e saudável, imagino ser
necessário observar e cuidar muito do outro, com certeza, sem contudo tentar
anulá-lo, sem a proposta de posse. Claro que possuí-lo sim, porém com muito
amor e carinho e nos momentos de entrega à paixão e ao seu fogo que incendeia
íntimos e almas, que pode ser eterno se soubermos alimentá-lo com
atenção, habilidade e carinho, quando vale a pena e quase sempre vale,
certamente manterá todo o encantamento da convivência tornando-a mais forte
para o dia a dia e suas rotinas desgastantes. Vamos em frente cuidando bem de
nossos jardins lindos e floridos!