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segunda-feira, 11 de abril de 2011


“Exageros da Imprensa”!

Excessos “demasiados” podem se tornar perigosos e estimular agressões, atos criminoso, tragédias sociais, enfim, é indispensável cuidados para não exagerar.

Ricardo Martins
É evidente que informar e esclarecer, orientar e propor o real conhecimento dos fatos e acontecimentos que ocorrem no Brasil e no Mundo é missão absoluta da Imprensa em todas as suas formas e formatos, e como integrante desta atividade, é evidente que considero isso inquestionável, porém me dou o direito e os cuidados de discutir e questionar os excessos, exageros e a busca desenfreada pela audiência e venda de publicidade, tudo isso à custa do sofrimento alheio a partir da divulgação excessiva de situações, atos criminosos ou tragédias sociais de qualquer natureza!

Desde muito cedo, apenas como telespectador, leitor ou ouvinte, discordei desta linha maciça e formato de “bater na mesma tecla”, durante dias e a todo o momento, fazer caras tristonhas e perguntas imbecis às vítimas,  parentes ou próximos à situação de alguma forma. E isso, que não é de hoje, evidenciou-se por estímulos de diretores e editores de telejornalismo, no Rádio e até na mídia impressa, que buscam os pontos de audiência ou venda de anúncio a qualquer preço ou custo.

Exageram na exposição do meliante, do assassino ou infrator, dando-lhe mais espaço do que merecem, inclusive nos escândalos financeiros, políticos e assemelhados que refletem no cotidiano das pessoas.  É holofote demais!

Óbvio que é importante a informação, o detalhe, a discussão, porém a meu ver, somente para qualificar, identificar e caracterizar o ato ou o infrator. É fundamental evidenciar um erro, a omissão ou a falta de interesse de alguém. É isso ou destacar o mérito da polícia e da justiça, fato raro nos dias de hoje, exaltar atos positivos da justiça brasileira, mas enfim, isso é importante, o espaço para o bandido deve ser mínimo.

Gostaria de ressaltar outro aspecto que abomino: a excessiva exposição do sofrimento alheio, normalmente recheado de entrevistas e perguntas dispensáveis e sem nenhuma importância, por exemplo, diante desta tragédia em Realengo/RJ, o repórter chega para uma mãe e pergunta: “está muito triste com a perda de seu filho?” Ou então:” a senhora está muito emocionada?” O que ele merecia de reposta se não algo impublicável. Culpa do editor que não treina e nem aprimora o repórter. Fazem por fazer e em busca do resultado comercial ou estatístico.

Outro aspecto a observar, com o devido cuidado, é quando acontecem as análises, os depoimentos de “especialistas” ou estudiosos sobre aquele fato ou situação. Claro que o detalhe é importante e o debate saudável, porém toda cautela é pouca diante das conclusões absolutas e dos donos da verdade, pois o que mais existe hoje por aí é ”técnico em alguma coisa”,  é um tal de personal isso ou aquilo, ou doutor sabichão daquilo e daquilo outro que impressiona. O fundamental sempre é acrescentar, ajudar a elucidar, contribuir positivamente para que em situações semelhantes possa existir a prevenção ou uma solução rápida e imediata.

Concluindo, sob meu ponto de vista, a TV brasileira e os veículos de comunicação em geral, que tem um papel importantíssimo neste contexto,  portanto sua responsabilidade é tão ou mais grandiosa e nobre que sua relevante posição e representatividade, têm exagerado e indiretamente propondo estímulo à infração, ao ato criminoso, ao crime, a fraude, ao ilícito, e repito e reitero,  evidenciado por demais o transgressor, o delinqüente, o infrator, e isto em todos os tipos de crimes contra a pessoa, a família, ao patrimônio ou ao erário público.

Os veículos de comunicação devem, a meu juízo, gritar por justiça com rigor, por segurança pública adequada e um sistema prisional digno, humanizado, que separe o joio do trigo, por opções efetivas e decentes de possível recuperação de quem quer se recuperar, por clínicas e unidades de saúde pública para o tratamento do desequilíbrio mental e emocional porque passa o ser humano, além das drogas e outros malefícios à pessoa.

Este para mim é o real papel da Imprensa e da comunicação social em geral e sua grande responsabilidade. Eu penso assim!

9 comentários:

luizgeremias disse...

Parabéns.

Dr. Alex Mendes disse...

Com certeza a imprensa tem um papel importante na sociedade, representa o quarto poder em nosso país, isso é mais que notório, mas tem que ter responsabilidade e respeito! Base de tudo.

Abraços e parabéns pelo artigo.

Joaquim Santos disse...

Nesse caso da pauta o exagero deve dar espaço apenas para a divulgação em primeia mão. Quanto aos exemplos de escandalos lesando falcatruamente o povo, aí já tenho outra opinião. Valeu,parabéns.

Anônimo disse...

Concordo com o fato de que, apesar de ser jornalista, a imprensa tem dado ênfase demasiada a certos fatos e exagera também quando não respeita as dores emocionais das pessoas. A guerra da audiência, em muitos casos, extrapola valores sociais que devem ser respeitados.

Marisa Cruz disse...

Caro Ricardo

SEMPRE É NECESSÁRIO DISCERNIR ENTRE A VERDADE DOS FATOS E A COMPETIÇÃO EXACERBADA NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA SUA INCESSANTE BUSCA POR IBOPE.

Marisa Cruz

Unknown disse...

Compartilho da mesma opinião. Não crucifico a imprensa em noticiar tais fatos, mas há que se ter cuidado em como eles são noticiados. Explorar demais um assunto pode ser perigoso e pode este mesmo assunto acabar se tornando um "exemplo" a ser seguido por outras pessoas. Nesse último caso em Realengo, deram muito espaço para o criminoso, e esse cara pode sim, vir a ser um "mártir" para outras pessoas tão doentes quanto ele. Acredito ser, a "sociedade" a grande culpada por "fabricar" pessoas como estas, impondo padrões. Devemos educar nossas crianças com valores mais éticos como por exemplo; respeito ao próximo; respeito ao credo de cada um; respeito a opção sexual; etc. Hoje a sociedade em geral se preocupa muito com o ter e se esquece do ser. Estes valores sim, deveriam ser foco de noticiários na imprensa.
Muito bom o texto !!

Guilherme Ludwig disse...

Concordo plenamente. A fome por audiência e, consequentemente, pelo dinheiro da publicidade, tem feito com que a grande imprensa se mostre cada vez mais apelativa nas coberturas 'jornalísticas' que faz dos eventos do nosso cotidiano.

É lamentável ver esse tipo de prática crescendo e as pessoas consumindo, sedentas pelo sensacionalismo. Parece que são poucos aqueles que ainda conseguem enxergar e rejeitar isso.

Skullmann disse...

Concordo com essa visão sobre a imprensa e especialmente atento para o despreparo de alguns "profissionais", como uma reporter que, horas depois do ocorrido em Realengo, entrevista a uma menina que testemunhou as cenas: "Vamos agora conversar com essa senhora (sic) que viu tudo, ela estava presente quando o assassino atirava nos colegas: (e então dirige-se a menina com a seguinte pergunta) - Ele estava armado?"

No mais, suportar "doses homeopáticas" da história de vida do assassino no "fantástico", intercaladas com outras reportagens e claro, as "caretas" de "dor e angústia" dos apresentadores (ao falar sobre a 'tragédia', constrastando com seus rostos de uma quase euforia ao apresentarem as "outras" reportagens demonstra uma falta de respeito com a credibilidade e com a verdade que me dão nauseas.

Mas enfim, é dever de cada um filtrar a informação que recebe, parabens pelo texto.

Rogerio Novaes - Consultor e Palestrante disse...

Caro Ricardo!

Vivemos a era do 'Lucro a qualquer custo' do 'Ibope a qualquer custo' e do querer ser a qualquer custo. Tudo isso mostra a fragilidade de uma sociedade que perdeu seu foco no 'ser' para almejar apenas o 'ter'. Nós comunicadores temos nossa parcela de culpa. A comunicação de massa deveria vender esperança, orgulho, educação,segurança e racionalidade. Mas o poder da mídia caminha cada dia mais para a banalização e conquista de espaço publicitário atrelado a dor e sofrimento do povo, ou melhor, a conquista do telespectador economicamente ativo. Parabéns pelo artigo.