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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Menor Infrator

Um grave e real problema a ser atacado frontalmente e urgentemente!
Ricardo Martins
Como tantos outros problemas brasileiros que refletem no dia a dia do cidadão de bem, o “menor infrator” é um tema tratado, claramente, sem nenhum interesse pelo chamado “serviço público”, ou seja, a partir do Executivo, Legislativo e Judiciário, que nada ou muito pouco fazem a fim de minimizar ou adequar à situação. Evidente que isso é regra geral, existem raríssimas exceções.

Leis, até que existem, apesar de estarem ultrapassadas para muitos e necessitarem de atualizações e ajustamento, com o que concordo, porém a determinante neste caso, uma legislação que incida diretamente sobre a questão que é discutida há anos com o claro objetivo de nada resolver: a malfadada maioridade penal.


A questão não é essa, 16 ou 18 anos, e sim, punir o infrator com qualquer idade. Infringiu? Responde por isso e recebe o rigor da Lei. Antes ou a par disso é importante observar: por que o menor infringe? Por saber que é inimputável e que as sanções hoje previstas são banais, em breve, muito breve, vai estar nas ruas novamente, e o pior, matando, roubando, seqüestrando e estuprando.

Penso que são no mínimo dois caminhos a seguir: além da definição indispensável de uma legislação, que poderia ser até estadual, sobre a responsabilidade criminal independente da idade, pois entendo que o menor infrator tem que saber que será punido com rigor ao infringir, implementar a criação de dois tipos de unidades prisionais, uma com fins de detenção e outra com proposta de ressocialização, ambas porém com instalações decentes, com celas duplas e com espaços para implemento de atividades escolar, cultural, esportiva, social e profissional, naquelas que se propõe a ressocialização. Isso deveria ocorrer por todo o Brasil, em cada estado e algumas unidades federais, tanto de uma quanto da outra.


O que isso motivaria? Inicialmente a necessidade imperiosa de separar o “joio do trigo”, ou seja, quem é recuperável, ressocializável e quem não é, e na seqüência encaminhar caso a caso ao destino apropriado.


Concluindo, objetivamente, os passos seriam estes: definir através de legislação adequada a imputabilidade rigorosa, em qualquer idade, do menor infrator, a instalação de três ou quatro unidades federais, no máximo com 400 vagas, cada uma, para a detenção e mais algumas em cada estado, também para este fim e a implantação de Unidades de Recuperação, também nos estados, para onde os menores efetivamente com chance de ressocialização seriam enviados.

Penso que o adolescente deva ser protegido através de ações comunitárias que estimulem seu interesse por outras atividades que não o crime, isso por conta de ONGs, ações de governo, enfim, porém que o mesmo tenha pleno conhecimento que se ingressar no crime terá o mesmo tratamento do delinqüente adulto, sofrendo o rigor da Lei com o mesmo peso e a mesma severidade.


Como dito na abertura deste artigo, este é um problema como tantos outros no Brasil que ganha dimensões gigantescas por conta de se empurrar com a barriga, sendo que na prática desde que haja vontade e interesse político são de fácil solução. E neste caso a solução deste reduziria consideravelmente a situação caótica da segurança pública no país, tenham absoluta certeza disto.

2 comentários:

Rosivaldo disse...

Olá, Ricardo.

Questão complexa essa, hein?
Vou passar minha opinião, tá?
Entendo sua preocupação. Contudo, alguns pontos precisam ser discutidos, pontos esses que são anteriores ao paradigma punitivo.
Primeiro: as pesquisas demonstram que o cérebro humano, em especial o cerebelo, a porção mais nobre e responsável pela contenção dos impulsos, só está devidamente formado após os vinte e um anos. Assim, sob a ótica biológica, um adolescente não é igual a um adulto. E não seria isonômico tratá-lo como tal.
O discurso punitivo também esquece que a punição, da forma que atualmente existe, termina sendo o passo mais importante para a completa deformação do adolescente infrator. Ao invés de educá-lo e intimidá-lo a não cometer mais infrações (prevenção geral e especial), degenera-o.
Seria importante cada cidadão pegar o Estatuto da Criança e do Adolescente, lê-lo, e depois se dirigir a uma instituição de "recuperação" de adolescentes infratores. Visitar tudo, anotar o que há de conformidade com a lei e depois fazer uma reflexão sobre o problema.
Outro ponto é a comum separação que fazemos entre "infrator" e "cidadão de bem". Se formos olhar bem, veremos que todos nós, inclusive os chamados "cidadãos de bem", incluindo os filhos de nossos vizinhos, cometem infrações, e que o sistema penal termina sendo extremamente violento e discriminador contra os mais pobres. O discurso é um, e a prática jurídica termina sendo outra. Ou você já ouviu falar de algum "badboy" classe média internado numa instituição dessas? A realidade termina sendo de opressão contra os que já são oprimidos pela miséria, pela falta de oportunidades e de perspectivas de vida. Desculpe a expressão, mas o sistema transforma pessoas em lixo.
Acho que antes de discutirmos reformas na maioridade penal, precisamos realmente aplicar o estatuto da Criança e do Adolescente. Não se trata de leis ultrapassadas. Trata-se de não cumpri-las.
Outro ponto é a nossa idéia intelectualizada do adolescente infrator que é apreendido (pois como falei, os "badboys" das classes média e alta ficam impunes). O perfil real é o seguinte: jovem da classe C ou D; negro; com nenhum ou pouco estudo; oriundo de lar desestruturado; dependente químico; baixa alto-estima em razão da falta de perspectivas; noção de que pelos meios institucionais não obterá o sucesso apregoado pela sociedade.
Nosso princípio da igualdade é um garrancho numa folha de papael. Não passa disso. Não por menos haver tanta impunidade nos crimes dos poderosos. Ou você já ouviu falar de alguém preso e condenado por corrupção (mesmo em casos de desvios milionários) em nosso sistema penitenciário? Eu não conheço.
Punir infrator, independente da idade, é uma temeridade. Se já punimos tão desigualmente e de maneira tão seletiva e desumana, desrespeitando todos os tratados de direitos humanos que o Brasil assinou, imagine se a coisa corresse solta. Daí a pouco estaríamos prendendo crianças. Ao invés de exigirmos políticas de segurança pública, pergunto-me: que tal mais políticas públicas de segurança (educação, saúde, transporte, alimentação, salubridade, lazer e por aí vai)?
O ser humano, no reino animal, é o que comete os atos de maior desumanidade. Somos predadores de nós mesmos...


Abraço.

Rosivaldo disse...

Retificando a postagem anterior, leia-se auto-estima.

Abraço