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sábado, 11 de setembro de 2010

HIPOCRISIA ELEITORAL

Editorial do DC/RBS- SC 12 de setembro.

O empresário Roberto Schweitzer, de Florianópolis, fez uso dos seus direitos de cidadão e expressou, em carta publicada na página Diário do leitor deste jornal, terça-feira última, sua indignação com a desfaçatez da maioria dos candidatos no horário político eleitoral : Tem gente que se aliou ao que há de mais atrasado na política brasileira, que defendeu os maiores corruptos que infectam o Congresso Nacional, que cuspiu na moral e não respeitou o contribuinte, e agora se apresenta como solução para todos os males...

Independentemente de preferências que o autor do desabafo possa ter, ele toca num ponto importante da propaganda política, que é a hipocrisia eleitoral.

Os candidatos têm o direito de mentir para enaltecer suas propostas ou para desmerecer as ideias e as ideologias de seus adversários? Tudo o que aparece no horário eleitoral é falso? Considerando-se a má fama dos políticos, a generalização é tentadora. Mas a verdade é que o horário eleitoral precisa ser interpretado pelo eleitor como uma propaganda – e não como um informativo comprometido com o equilíbrio e com a isenção. Cabe ao eleitor decodificar a mensagem, desidratá-la e captar o que realmente contribui para a formação de sua convicção.

O político pode até mentir, pois essa prerrogativa está sustentada pela liberdade de expressão e de pensamento. Mas seu dever ético e moral é dizer a verdade. Se não o fizer, estará traindo esta garantia de se expressar livremente que a Constituição assegura a todos os brasileiros. E estará, certamente, incorrendo no risco de ser flagrado e de receber dos cidadãos a sentença de repúdio, que deve ser dispensada aos mentirosos e aos demagogos.

Demagogia e hipocrisia são irmãs siamesas. Os demagogos se aproveitam da ingenuidade e do emocionalismo das pessoas para persuadi-las a aceitar suas teses, mesmo quando eles próprios não acreditam no que pregam. Enganam sem pudor, com o único propósito de se manterem no poder. Nem sempre mentem escancaradamente.

Muitas vezes, manipulam as informações, usam a verdade pela metade, procuram moldá-la de acordo com seus interesses e ambições. Nem sempre é fácil perceber a manipulação. Prova disso é que alguns dos maiores déspotas da história da humanidade alcançaram o poder e nele se mantiveram graças a amplo apoio popular.

Porém, com as facilidades tecnológicas de que dispõe para acessar informações, e também com o amadurecimento da democracia em nosso país, o eleitor brasileiro está a cada dia mais habilitado para selecionar mensagens verdadeiras e consistentes em meio à enxurrada de discursos vazios, lugares-comuns e até trocadilhos despejados diariamente no horário eleitoral.

Diante de eleitores conscientes, a hipocrisia eleitoral tende a se voltar, como um bumerangue, contra seus próprios autores.

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