
61 anos!
Ricardo Martins
Completados recentemente, o que ainda sempre me surpreende,
pois para mim o tempo passou rápido demais, e lamento não ter vivido mais, ter
aproveitado mais, conhecido mais pessoas, caminhado e viajado mais, diversificado
ainda mais meu trabalho, procurado mais, amado mais, ter sido, quem sabe, menos
exigente, menos idealista, menos seletivo. Será? Enfim! 61 anos e agora para
muitos fora de moda, superado, velho e sem nada a dizer e a acrescentar, pena
para aqueles que pensam assim, notadamente aqueles que estão a frente do
mercado de trabalho em geral, para estes a experiencia, vivencia e aprendizado
nada contam, eles esquecem que também vão chegar aqui, como eu. Será?
Sessenta e um anos e
ainda jovem, pujante, a fim de fazer, realizar, contribuir, cheio de vontade,
de tesão, de energia boa, mas por fora a imagem é, para muitos, de um velho de
cabelos brancos que nada mais pode fazer e que não deve mais ter oportunidades
e desfrutar de projetos vários, instigantes
e desafiadores, sejam profissionais, sociais e políticos, ou seja, alguém que deve,
aos olhos destes, literalmente se
aposentar, pendurar as chuteiras e cuidar de quinquilharias em casa.
As meninas e meninos, chamam-me de “VÔ”, as mulheres de
coroa, e os homens descartam-me como
concorrente, por um lado isso é bom, profissionalmente sou desconsiderado
formalmente, excluido, “um velho marginal”, enfim este é o sistema, a vida que
as pessoas criaram e ilusoriamente a enxergam e praticam. Ledo engano, mas como eles detém o poder e a
decisão, as coisas acabam acontecendo assim, uma pena, entretanto vou mostrando
a “eles” que estão enganados totalmente, equivocados e errados.
Realmente pelo lado físico a realidade é mais limitada, mas
a sensibilidade, a criatividade, a inteligencia e competencia mais afinadas,
evidentes e positivas, é de se ter aparentemente mais paciencia e ser mais
cordato, óbvio vejo tudo de forma um pouco mais ampla e conceitualmente mais
prática (?).
É claro que a expectativa é outra, é diferente, quando se tem 40 anos é uma coisa, com 61 é
outra, isso assusta? Sim? Propõe medo e ou insegurança? Com certeza! É mais difícil
planejar, decidir e até compartilhar, nada se sabe do desconhecido, do que vem
ou não vem pela frente, ao mesmo tempo o instigar continua, o desafio idem, a
forma de ver as coisas mais claras e com outras possibilidades, alternativas e
soluções, mas isso é que vai ou está dentro de cada um, de mim, daqueles que
chegam com saúde a esta etapa da vida.
Externamente é tudo mais complicado e
controvertido, as pessoas mais jovens, via de regra, consideram-se sábios e
eternos, se tem ou possuem um status social e condição financeira privilegiado,
além de algum “poder”, pior ainda, esquecem que no banheiro “fazer” o nº 2 é igual para todos, mudando
apenas o aspecto físico do local, também o fim do ciclo da vida é semelhante, e
o buraco para onde se vai, idem, uns mais simples que outros, e não poderia ser
diferente, uns fazem questão de manter a pompa, mas todos viram, como todos,
NADA!
Portanto, como por
toda a existencia por aqui, a que chamamos de Vida, a gente aprende e cada dia
mais que nada somos, apenas agentes modificadores, influenciadores,
acumuladores de experiencias vividas e que o outro é igual em tudo e merece
todas as oportunidades, sempre, independente de qualquer coisa e ou diferença,
devemos oportunizar, compartilhar, proporcionar, mais que isso interagir,
trocar, aprender com humildade e sapiencia e aplicar o que foi aprendido.
Nesta “vida” a gente devia aprender a amar e respeitar o
próximo, sem nada exigir, fazer da convivencia uma força única e uma união inquebrável,
transformar esta magia em momentos especias, todos e sempre, nada ter no
coração além de amor, boa vontade, reconhecimento e estímulo para si próprio e para
os outros. Nada de raiva, rancor, ciumes, desalento e desesperança, apenas
acolhimento, acatamento e aconchego. Se tem algo a resolver, enfim que isso
seja feito claramente, diretamente, objetivamente e definitivamente, com
certeza os dias seriam melhores, mais
leves e coloridos, e não seria este mundo triste, bárbaro, cruel, insensível, banal e vulgarizado onde vivemos
ou sobrevivemos.
Por tudo isso, apesar do susto dos 61 anos, ainda creio,
acredito, desejo, tenho esperança e tento fazer algo, mínimo, a fim de
contribuir com melhores dias, mais oportunidades, tranquilidade e felicidades
para todos.
Óbvio que eu gostaria de viver um ano e voltar dois, rsss...!
No fundo acho que não, pois desta forma não teria esta vivencia razoável e a forma de enxergar as coisas, a chamada
experiencia de vida.
Vou seguindo em frente, no ritmo que a Vida me reserva,
tentando contribuir com o Destino e sem enfrentar o Tempo, apesar dos medos,
inseguranças e temores, que por nada troco, nem pela aparente juventude.